A Polícia Civil confirmou, nesta quarta-feira (22), que concluiu o segundo inquérito sobre a chacina de Camaragibe
A sequência de assassinatos ocorreu em setembro de 2023, depois que dois PMs foram mortos no bairro de Tabatinga. Outras sete pessoas foram assassinadas no Grande Recife e na Zona da Mata, sendo seis da mesma família, totalizando nove mortes no caso.
Os dois PMs que morreram nessa ocorrência foram assassinados numa troca de tiros com Alex Barbosa da Silva. Em março, após o fim da primeira investigação, 12 policiais militares se tornaram réus e cinco deles foram presos preventivamente por armarem uma emboscada para matar os irmãos de Alex.
De acordo com a Polícia Civil, os dois inquéritos foram concluídos e remetidos à Justiça através do Grupo de Operações Especiais (GOE) e outras duas investigações ainda não foram concluídas.
Em nota, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) disse que o inquérito policial foi recebido através da Promotoria de Justiça de Camaragibe e será analisado, mas não informou um prazo para essa análise ser realizada.
Primeiro inquérito
De acordo com o MPPE, oficiais da Polícia Militar armaram uma emboscada para matar os irmãos de Alex Barbosa da Silva, suspeito de assassinar dois PMs durante um tiroteio, e torturaram psicologicamente a esposa de um deles para atrair as vítimas, que foram mortas durante uma transmissão online.
No texto da denúncia, os promotores que acompanham o caso registraram que os acusados mataram as vítimas a tiros, "por motivo torpe de vingança, em uma emboscada, o que não deu a elas chance de defesa".
Ainda segundo o documento, os tenentes-coronéis Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco e Fábio Roberto Rufino da Silva conduziram uma reunião num local próximo à Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Conforme a denúncia, os policiais foram "orientados e autorizados" a comparecer à reunião "em veículos sem placas, utilizando balaclavas, fortemente armados".
A denúncia foi aceita pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco e, dos 12 policiais tornados réus, cinco tiveram prisão preventiva decretada:
- Paulo Henrique Ferreira Dias;
- Dorival Alves Cabral Filho;
- Leilane Barbosa Albuquerque;
- Fábio Júnior de Oliveira Borba;
- Emanuel de Souza Rocha Júnior.
Os outros sete réus foram autorizados a responder em liberdade:
- Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco;
- João Thiago Aureliano Pedrosa Soares;
- Fábio Roberto Rufino da Silva;
- Diego Galdino Gomes;
- Janecleia Izabel Barbosa da Silva;
- Eduardo de Araújo Silva;
- Cesar Augusto da Silva Roseno.
- Por volta das 21h, os PMs Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e o cabo Rodolfo José da Silva, de 38 anos, foram até Tabatinga verificar uma denúncia de que um homem estava em cima de uma laje "dando tiros para cima em uma comemoração";
- Esse homem foi identificado como Alex da Silva Barbosa, de 33 anos, mas ele estava treinando tiros numa mata perto do local, segundo a família da grávida Ana Letícia, que é vizinha dele;
- Alex não tinha antecedentes criminais e tinha uma arma de mira a laser que era registrada;
- Quando a polícia chegou ao local para averiguar a denúncia de tiros, Alex entrou na casa da família de Ana Letícia para fugir da abordagem policial;
- Ao ver os policiais se aproximando, houve uma troca de tiros entre Alex e os policiais. Dois PMs foram baleados na cabeça, e ele fugiu;
- No tiroteio, também ficou ferida Ana Letícia, jovem de 19 anos que estava grávida de sete meses e perdeu massa encefálica. Ela morreu em 21 de outubro;
- Antes da troca de tiros, Ana Letícia estava dando banho no filho mais velho, de 3 anos, e o adolescente tinha ido buscar uma fralda para a criança. Segundo um dos advogados da família, Jean William, Alex fez Ana Letícia de escudo humano;
- O primo de Ana Letícia, um adolescente de 14 anos, ajudava a colocar Ana Letícia no carro para levá-la ao hospital quando chegaram mais policiais ao local. Ele disse ter sido agredido pelas costas, derrubado e baleado na nuca por esses policiais;
- O irmão de Ana Letícia, Carlos Augusto, contou que foi torturado por policiais depois que a irmã foi baleada. A família também disse que o carro que estava levando a jovem a uma unidade de saúde, foi alvo de tiros dados pela polícia na Estrada de Aldeia.
- Por volta das 2h, também em Tabatinga, três irmãos de Alex foram baleados por homens encapuzados: Ágata Ayanne da Silva, de 30 anos; Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25 anos;
- O crime foi transmitido ao vivo no Instagram: Ágata e Amerson morreram no local; Apuynã foi levado ao Hospital da Restauração, no Recife, mas não resistiu aos ferimentos;
- Algumas horas antes, Agata comentou no Instagram que a mãe foi sequestrada e que teve a casa invadida por mais de 10 homens;
- Por volta das 9h, os corpos da mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e de Maria Nathalia Campelo do Nascimento, 27 anos, esposa dele, foram encontrados num canavial em Paudalho, na Zona da Mata Norte de Pernambuco;
- Por volta das 11h, durante buscas da Polícia Militar, Alex foi localizado em Tabatinga, trocou tiros com o efetivo e foi morto;
- Em 2 de outubro, Ana Letícia, que estava grávida de sete meses quando foi atingida pelos disparos, deu à luz a uma menina ainda em coma;
- Em 21 de outubro, Ana Letícia, morreu após sofrer um quadro de choque séptico.
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