Poeta pernambucano teve escultura erguida nesta terça-feira (12) , assinada pelo artista Demétrio Albuquerque
Foi pelas ruas do Recife que Miró da Muribeca (1960-2022) fez seu habitat, como poeta. Desde sempre e até os derradeiros dias de vida "do lado de cá", quando em julho de 2022 'encantou-se'.
Apesar da ausência (física), João Flávio Cordeiro da Silva segue em "ocupação" por esquinas, muros, ladrilhos e quaisquer paisagens urbanas da capital pernambucana.
E a partir desta terça-feira (12), simbolicamente no dia do aniversário da cidade acolhida por ele em rimas e versos, ele passa a ambientar também, em escultura, a Av. Rio Branco, no Bairro do Recife - integrando o Circuito da Poesia, em obra assinada por Demétrio Albuquerque.
A estátua de Miró foi a 21ª feita por Demétrio para integrar o circuito. Para o artista, ela foi especial por se tratar de um amigo dele. "Nós nos encontramos na década de 1980, lá na faculdade. Eu fazia estudava arquitetura e ele era servente na Sudene" diz Demétrio, que chegou a diagramar um dos livros de Miró, "São Paulo é fogo".
"Eu me imbuí das minhas recordações dele. E ele cresceu, cresceu da forma que um poeta pode crescer. Lembro que ele dizia: 'Toda cidade tem três coisas, um cachorro, um poeta e um louco. E falta pouco para a minha cidade me aceitar como poeta'. Eu digo que Miró foi uma pessoa que morreu de Brasil", disse o artista.
O presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR), Marcelo Canuto, comentou a importância de Miró para a cidade do Recife. "É muito simbólica a escolha de Miró, que viveu as ruas do Recife e tem uma força enorme na poesia recifense e pernambucana. É uma questão de justiça a Prefeitura do Recife resgatá-lo e colocá-lo em um lugar que a gente considera extremamente nobre, que é o Recife Antigo. É colocá-lo de volta dentro do Recife, e vivo, pois sua poesia continua presente e viva na memória dos recifenses."
O escritor, médico e compositor Wilson Freire, amigo de Miró, também esteve presente na inauguração da estátua. "A relação de Miró com o Recife vinha das entranhas. Miró é Recife. Ele falava dessa cidade, principalmente dos menos assistidos pela sociedade, era um poeta que era cronista dos descamisados, dos descalços, dos 'sem'. E ele era existencialista também. Ele falava da alma humana, da saudade, da tristeza, dsa dordecorno, do desprezo, da miséeria. Miró era um poeta completo."
Miró e Lucila Nogueira
A escultura passa a compor, junto a outras 22 obras, o Circuito da Poesia - movimento idealizado pela Prefeitura do Recife, com o intuito de perpetuar e reforçar a importância de nomes que, o tanto quanto o de Miró, enaltecem a excelência da arte pernambucana e brasileira.
Miró da Muribeca junta-se a nomes como Capiba, Chico Science, Ariano Suassuna, Naná Vasconcelos, Luiz Gonzaga e Clarice Lispector.
A poeta carioca Lucila Nogueira também passará a ser um dos novos nomes a integrar o rol de esculturas, todas elas assinadas por Demétrio Albuquerque. A previsão é de que até o final deste ano ela engradeça a paisagem que circunda a Academia Pernambucana de Letras (APL), no bairro das Graças, Zona Norte da cidade.
Foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco
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