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Acidente com 24 vítimas na Bahia mostra letalidade de choques frontais no Brasil
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Publicado em 09/01/2024

O acidente de um ônibus de turismo com um caminhão que matou 24 pessoas na BR-324 em São José do Jacuípe (BA) na noite de domingo confirmou uma trágica estatística no Brasil: as colisões frontais são as mais letais nas estradas do país. Segundo uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre acidentes de trânsito no Brasil, de 2010 a 2019, cerca de
13% das colisões frontais responderam por quase 40% de todas as mortes.
O acidente foi por volta das 23h30, no km 381. O ônibus ia para Jacobina, depois de uma viagem à praia de Guarajuba, em Camaçari, e o caminhão transportava mangas. O coordenador da Brigada Anjos Jacuipenses, Lucival Souza, que atuou no resgate, descreveu
o cenário que encontrou como “situação de guerra”.

— Sobrou pouca coisa do ônibus, a metade foi destruída. As 30 vítimas estavam em cima da outra, em um espaço pequeno. A gente ouvia os gemidos, as pessoas pedindo para tirar o peso de cima — relatou Lucival. —
Foi uma das maiores tragédias em nossa região.
VELÓRIO COLETIVO O brigadista informou que as equipes só saíram do local do acidente após uma varredura no matagal perto do
acidente. A maioria dos mortos era de Jacobina, onde a prefeitura organizou um velório coletivo.
Em 2022, a proporção de mortes na Bahia por acidentes de caminhão foi cerca de três vezes maior em relação
à média nacional. Dos 20,8 mil desastres em todo o país há dois anos que tiveram mortos, 8,9% foram com caminhões. Na Bahia, no mesmo ano, 29,5% dos 340 acidentes com mortes envolveram caminhões.
O número de vítimas do acidente de domingo representa quase 66% de todos as mortes no ano passado nos trechos próximos ao trecho da rodovia em que houve a colisão. Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal apontou que de 1º de janeiro a 31 de dezembro do ano passado, houve 133 acidentes na área. Ao todo, as ocorrências do ano passado
deixaram 200 feridos e 38 mortos.
— A maior parte das causas de acidentes é voltada ao comportamento humano, e investir na educação no trânsito é muito importante. Precisamos de uma política forte de redução de velocidade —afirma Erivelton Pires Guedes, pesquisador que produziu a nota técnica do Ipea, para avaliar a primeira etapa do plano de redução de acidentes no país formulado a partir da meta lançada pela ONU de reduzir em 50% os óbitos por acidentes em uma década.


GESTANTE E FAMÍLIAS Entre os mortos identifica dos até ontem, estavam Stefanny Vitória Araújo da Sil-
va, grávida de três meses, e seu companheiro, o veterinário João Victor Maia. O corpo de Stefanny foi achado debaixo do caminhão.
Também foram identificados seis pessoas de duas famílias, um músico, o motorista do ônibus e a guia de turismo que era filha do do-
no da empresa de ônibus. Fieis da Assembleia de Deus Madureira Jacobina, o presbítero Erivaldo Santos do Nascimento, a diaconisa Ta-
tiane Santos de Souza Nascimento e o filho do casal,Emanuel Santos de Souza Nascimento, foram lamentados como “uma família
abençoada, de Deus” em uma nota de pesar da congregação nas redes sociais.
O advogado João Daniel da Conceição, da família da guia turística Michele Silva, de 30 anos, disse que a vítima era responsável por agendar as excursões. Michelle costumava viajar na frente do veículo ao lado do motorista João Nilson. Segundo o advogado, a documentação do veículo estava em dia, e o ônibus havia passado por uma vistoria da agência reguladora há menos de 30 dias.
Outra vítima, o saxofonista Gleidson Andrade tocava na banda do cantor Davi Lucca, com quem fez um show no réveillon. Na redes sociais, Luccas homenageou o músico que o acompanhava desde 2018. “Uma das melhores pessoas que tive o prazer de conhecer. Meu irmão da vida, do trabalho, da carreira,de sonhos”. O acidente também matou o casal Amarilia Lima Grassi e Edmilson Alencar
dos Santos e a filhas, Sabrina. Maysa Grassi, outra filha do casal, foi internada em uma unidade de saúde.
Uma terceira filha do casal,Aíla Grassi, publicou nas redes como estava sem condições de falar sobre a tragédia.

(com informações do g1)

 

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