No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Para o ano de 2022 foram estimados 16.710 casos novos, o que representa um risco considerado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2021)
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres no Brasil, excluindo os casos de tumores de pele não melanoma.
Em 2023, são estimados mais de 17 mil novos casos, um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A doença é causada pela infecção persistente por alguns tipos do HPV, o papilomavírus humano. A infecção pelo HPV é comum e na maior parte dos casos não provoca o câncer cervical. No entanto, alterações celulares podem evoluir para o câncer. O exame preventivo, conhecido como Papanicolau, permite a identificação das alterações de maneira precoce.
Riscos, sintomas e diagnóstico e tratamento
Segundo o Inca, aumenta o risco desse tipo de câncer o início precoce da atividade sexual, ter múltiplos parceiros, tabagismo e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.
O câncer do colo do útero pode não apresentar sintomas em fase inicial. A doença conta como um lento desenvolvimento e, nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal que vai e volta ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a incômodo urinário ou intestinal.
O diagnóstico pode ser feito a partir de diferentes testes, incluindo o Papanicolau. A partir do exame clínico, o médico pode avaliar as estruturas da vagina, colo do útero, ovários e reto.
Já a colposcopia consiste em um exame que permite visualizar a vagina e o colo de útero com um aparelho capaz de detectar lesões anormais. Por fim, caso sejam detectadas células anormais, pode ser pedida uma biópsia, com a retirada de amostra de tecido para análise.
O tratamento é definido de maneira personalizada, considerando as características do tumor e da paciente. Os procedimentos incluem cirurgia, quimioterapia e radioterapia. O tipo de tratamento depende da evolução da doença, tamanho do tumor e questões pessoais, como idade da paciente e o desejo de ter ou não filhos futuramente.
Prevenção e a vacina contra o HPV
A prevenção do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV. A transmissão do vírus acontece a partir de relações sexuais, principalmente pelas microlesões decorrentes do atrito com a mucosa ou pele das regiões genital e anal.
“A forma de prevenção é a utilização de preservativo na relação sexual, mas sem dúvida nenhuma, o maior impacto para o controle da doença, é a vacinação em massa, com a vacina contra o HPV”, afirma o médico Fernando Zamprogno, coordenador de Oncologia Clínica da Rede Meridional/Kora Saúde.
O imunizante é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de mulheres e homens de 15 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos.
O Ministério da Saúde preconiza que crianças e adolescentes devem receber o esquema vacinal de duas doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina entre 9 e 14 anos, poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo recomendado, para não perder a chance de completar o esquema vacinal, segundo a pasta.
Mulheres e homens que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes com câncer na faixa etária de 9 a 45 anos, recebem o esquema de três doses.
Sobre o HPV
HPV é o nome dado a um grupo de mais de 200 tipos de vírus capazes de infectar tanto a pele quanto a mucosa oral, genital e anal de mulheres e homens.
A depender da persistência da infecção e, principalmente, da capacidade de levar ao desenvolvimento de câncer do vírus, podem se desenvolver lesões que precisam ser tratadas para que não evoluam para tumores ao longo dos anos, sobretudo no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.
A transmissão do HPV geralmente acontece por meio de relações sexuais, seja por meio vaginal, oral, anal ou até mesmo durante a masturbação mútua, sem a necessidade de penetração desprotegida para o contágio.
Além da vacinação, o uso do preservativo interno ou externo durante as relações sexuais é recomendado para a prevenção do HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
O vírus pode estar presente na vulva, região pubiana, perineal, perianal ou na bolsa escrotal. A camisinha de uso interno é a mais eficaz para evitar o HPV, por cobrir também a vulva, mas é recomendada desde o início da relação sexual.
Na maioria dos casos, a infecção por HPV é silenciosa. O vírus pode permanecer no organismo por tempo indeterminado, sem manifestar sinais visíveis a olho nu ou mesmo sintomas internos. Em grande parte dos casos, o próprio sistema imunológico se encarrega de combater o vírus antes do surgimento de sintomas.
Entre as mulheres, a maioria das infecções tem resolução espontânea pelo próprio organismo em um período aproximado de até 24 meses. Mas há casos em que o vírus consegue permanecer no corpo, aguardando eventual baixa de imunidade para provocar o aparecimento de lesões, segundo o ministério.
As manifestações genitais do HPV podem ser discretas, percebidas apenas por meio de exames específicos, como pode haver o aparecimento de verrugas com aspectos de couve-flor, indolores ou com discreto prurido.
Os primeiros sintomas podem aparecer de dois a oito meses após a contaminação pelo HPV, assim como pode demorar 20 anos até que apareça algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa.
O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica. Não há tratamento específico para eliminar o vírus. A terapia para combater verrugas genitais, por exemplo, deve ser individualizada, dependendo da extensão, quantidade e localização das lesões.