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A Polícia Federal indiciou o influenciador Renato Cariani
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Publicado em 19/12/2023
A Polícia Federal indiciou o influenciador Renato Cariani nesta 2ª feira (18.dez.2023) por tráfico equiparado de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. O atleta de fisiculturismo já havia prestado depoimento no período da tarde na sede da PF em São Paulo....

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Segundo a Polícia Federal, o tráfico é equiparado porque Cariani, supostamente, não se envolveu diretamente com drogas ilícitas, mas com produto químico destinado à preparação de entorpecentes. Influenciador fitness foi ouvido pela PF nesta segunda (18). Caso começou a ser investigado em 2019, após AstraZeneca denunciar fraudes em notas fiscais.

 

 

A Polícia Federal indiciou o influenciador fitness Renato Cariani por tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele segue em liberdade após a Justiça negar, nesta segunda-feira (18), pedido de prisão feito pelo Ministério Público.

Segundo a polícia, o tráfico é equiparado porque Cariani, supostamente, não se envolveu diretamente com drogas ilícitas, mas com produto químico destinado à preparação de entorpecentes.

Em nota, a defesa de Cariani disse que o influenciador "respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas" e que "seu indiciamento foi realizado antes do início de seu depoimento". (leia íntegra abaixo)

Cariani prestou depoimento na sede da instituição, na cidade de São Paulo, na tarde desta segunda. Ele chegou à sede da PF, na Zona Oeste da capital, por volta das 13h30, acompanhado do advogado. O depoimento terminou por volta das 18h. Ele é suspeito de participar de um esquema de desvio de produtos químicos para o narcotráfico produzir toneladas de drogas, especialmente crack

Antes de prestar depoimento, Cariani não quis comentar as investigações, falou que "ainda não é um inquérito criminal" e que falaria sobre o caso apenas na saída.

Também eram aguardadas para prestar depoimento duas pessoas que teriam um papel importante no esquema, a sócia do influenciador, Roseli Dorth, e o amigo dele, Fábio Spinola.

Roseli Dorth, de 71 anos, é apontada como sócia-administrativa da indústria química Anidrol, de Cariani, localizada em Diadema, na Grande São Paulo. Sua defesa pediu o adiamento do depoimento com a justificativa de que não teve acesso ao processo.

Cariani e os demais investigados seguem em liberdade. Na última semana, no dia seguinte à operação, o Ministério Público pediu que a Justiça reconsiderasse a decisão que indeferiu os pedidos de prisão. Nesta segunda (18), voltou a negar os pedidos.

Segundo a investigação, Roseli é mãe de dois ex-sócios da Quimietest, que foi uma empresa da esposa de Cariani.

Roseli estava supostamente envolvida em diversas transações suspeitas que são investigadas pela Polícia Civil de São Paulo. A investigação aponta que ela e Cariani faziam a venda dos produtos químicos que seriam destinados para a produção de crack.

Fábio Spinola também estaria envolvido nesse núcleo. Ele é apontado como amigo de Cariani.

 

O que diz Cariani

 

Em nota, a defesa de Renato Cariani disse:

"Na data de hoje, Renato foi ouvido por mais de 3 horas pelo Delegado de Polícia Federal Dr. Vitor Vivaldi, mesmo sem ter tido acesso ao conteúdo de diversos documentos e procedimentos cautelares que instruíram a investigação. Ainda assim, respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas, demonstrando sua mais absoluta boa-fé no esclarecimento dos fatos. Seu indiciamento foi realizado antes do início de seu depoimento, sem que a Autoridade Policial pudesse, com antecedência, ouvir seus esclarecimentos sobre os fatos que lhe foram imputados".

 

Entenda investigação

 

As investigações contra a empresa começaram em 2019, quando a farmacêutica AstraZeneca procurou o Ministério Público para informar que a Anidrol, empresa do influencer, emitiu notas fiscais no ano de 2017 referente a movimentações de produtos químicos que não reconhecia como suas.

Fábio seria um dos responsáveis por realizar depósitos em espécie na conta da Anidrol sobre responsabilidade da AstraZeneca em 2019. Segundo as investigações, Spínola criou um falso e-mail em nome de um suposto funcionário da AstraZeneca, com quem a empresa de Cariani teria negociado a compra dos produtos.

Além de ser também responsável pela venda dos produtos químicos, Fábio é apontado como intermediador no fornecimento das substâncias, sendo o elo entre a empresa e os compradores de crack e cocaína.

Era ele quem direcionava e negociava a entrega.

 — Foto: Arte/g1

— Foto: Arte/g1

 

Entenda o que se sabe e o que ainda falta esclarecer do caso a partir dos seguintes pontos:

 

1. Mandados cumpridos

 

Na terça (12), os agentes da PF cumpriram 18 mandados de busca e apreensão em São Paulo, em Minas Gerais e no Paraná.

Um dos alvos foi a casa do influenciador, em São Paulo. Ele é o sócio administrador da indústria química Anidrol, localizada em Diadema.

O outro foi na casa de Fábio Spínola Mota, apontado pelos investigadores como intermediador, e amigo de longa data de Cariani. Ele já foi investigado por tráfico em Minas e no Paraná.

Segundo a PF, era ele quem direcionava a entrega para o tráfico. Na residência dele, a PF apreendeu R$ 100 mil em espécie.

A PF e o MP pediram a prisão preventiva do influenciador, da sócia dele e de Fábio Spínola, mas a Justiça negou

 

2. Como a operação começou

 

As investigações começaram em 2019, quando a farmacêutica AstraZeneca procurou o Ministério Público para informar que a Anidrol, empresa do influencer, emitiu notas fiscais no ano de 2017 referente a movimentações de produtos químicos que não reconhecia como suas.

Logo depois da primeira denúncia, a Cloroquímica também representou contra a Anidrol por conta da emissão fraudulenta de quatro notas fiscais, de abril e junho de 2017. Na ocasião, a empresa afirmou que nunca teve relações comerciais com a empresa de Cariani.

No ano seguinte, a LBS Laborasa comunicou à PF mais uma fraude em notas fiscais, emitidas pela Anidrol, juntamente com outra empresa, a Quimietest, da qual a esposa de Cariani foi sócia.

Além da PF, o caso também foi investigado e arquivado pela Polícia Civil, mas arquivado há oito meses.

 

3. Como funcionava o esquema

 

De acordo com a PF, a empresa de Cariani desviava solventes como o acetato de etila, acetona, éter etílico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina, todos usados para produzir cocaína e crack, e emitia notas fiscais falsas da suposta venda deles para empresas farmacêuticas de renome no mercado.

Como funciona o esquema de desvio de produtos químicos. — Foto: Arte/ g1

A PF t

4. As fraudes

 

Os investigadores fizeram levantamentos nas notas fiscais emitidas pela Anidrol e identificaram mais de 60 possíveis notas fraudulentas.

"O dinheiro foi depositado para a empresa investigada e as pessoas que haviam depositado esses valores não tinham vínculo nenhum com as empresas farmacêuticas", afirmou Fabrizio Galli, delegado da PF responsável pelo caso.

Ainda segundo Galli, as investigações demonstram que os sócios tinham conhecimento pleno daquilo que estava sendo investigado, do desvio de produtos químicos.

"Há diversas informações bem robustecidas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente, não há essa cegueira deliberada em relação a outros funcionários, eles tinham conhecimento em relação ao que estava acontecendo dentro da empresa".

A PF interceptou algumas trocas de mensagens entre Cariani e sua sócia. Apesar de antigas, as mensagens apontam, segundo o inquérito, que eles tinham conhecimento do monitoramento por parte da polícia. O influencer afirmou, em vídeo divulgado nesta terça, ter sido surpreendido pela operação da PF.

 

"Poderemos trabalhar no feriado para arrumar de vez a casa e fugir da polícia". Pelo contexto do diálogo, os investigadores dizem que o fisiculturista sabia que era investigado.

 

 
 

Também investiga outras pessoas que ficavam responsáveis por ocultar os reais beneficiários do esquema.

 

 

 

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