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Ex-bombeiro falou por pouco mais de 1h30
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Publicado em 02/12/2023

A 4ª Vara Criminal do Rio ouviu, na tarde desta sexta-feira (1°), o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, no processo em que ele é réu por homicídio e receptação no caso Marielle Franco.

Segundo as investigações, Maxwell era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, acusado de ser um dos autores do assassinato e amigo de Suel. O ex-bombeiro também teria ajudado a jogar o armamento no mar.

Suel está em uma unidade de segurança máxima fora do estado e foi ouvido por videoconferência.

A mãe da vereadora Marielle Franco, Marinete Franco, chegou no Tribunal de Justiça por volta das 13h para assistir à audiência. Ela afirmou que espera que o processo de Suel possa ajudar a elucidar quem mandou matar Marielle.

"Precisa sim ter uma resposta e saber quem foi e condenar esses caras, e muito. Condenar bem condenado. Não só quem praticou o crime, o ato, mas também o mandante. Porque tem um mentor pra isso. A gente precisa sim saber quem foi e porque mandaram matar Marielle", disse ela.

 

Depoimento

 

Por cerca de uma hora e meia, Maxwell respondeu a perguntas do Ministério Público e da defesa. Ele preferiu não responder a perguntas da assistência de acusação que representa a família de Marielle Franco. O juiz Gustavo Kalil não fez perguntas.

Suel discordou em vários pontos da delação feita por Elcio de Queiroz. Em um dos pontos chegou a chamar o ex-policial militar de "bêbado".

“Elcio se confunde várias vezes. Bêbado ou não lembra. Verdade ele não fala. É uma Incoerência. Um bêbado depor e delatar. E dizer um monte de coisa que ouviu dizer”, disse.

Durante o seu depoimento, Suel disse que não encontrou Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa na noite do crime no bar Resenha na Barra da Tijuca. Em sua delação, Elcio disse que encontrou Suel.

“Saí do Resenha pouco depois da minha mulher. Antes de o jogo acabar. Não encontrei o Lessa. Superlotado e eu estava a noite do lado oposto de onde ele diz que estava, perto do banheiro. Se ele esteve lá, não vi”, contou Suel.

O ex-bombeiro confirmou ainda que no dia seguinte foi com Ronnie e Élcio para o Méier e Rocha Miranda, mas disse que os fatos narrados por Elcio não aconteceram. Suel contou que foi visitar a mãe e não sumir com a placa clonada do Cobalt como Elcio contou em depoimento.

“Não clonei placa nenhuma. Não participei de nada disso", afirma.

Suel confirmou que, no dia seguinte ao crime, ele e Lessa saíram da Barra, foram até o Méier, buscaram Elcio e seguiram até Rocha Miranda.

Esta é a versão de Elcio, que informa que eles foram levar o carro usado no crime para ser desmontado no ferro-velho de um amigo, Edmilson Orelha.

O bombeiro também disse que nunca dirigiu e não esteve com o Cobalt prata, carro apontado pelas investigações como utilizado no crime.

O juiz Gustavo Kalil deu agora um prazo de 10 dias para a defesa de Suel apresentar os pontos divergentes. Após esse prazo, a defesa do Elcio opina se quer ou não a acareação. Só então, o magistrado irá decidir se vai ocorrer ou não.

 

Condenado

 

Suel foi condenado em 2021 a 4 anos por atrapalhar as investigações dos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Após recurso da Força Tarefa Marielle e Anderson e do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, a pena foi aumentada para 6 anos e 9 meses.

Ele foi preso em julho deste ano na Operação Élpis, quando a Polícia Federal (PF) ficou à frente do caso.

O nome de Suel foi citado pelo ex-PM Élcio de Queiroz em delação premiada com a PF e com o MPRJ, quando deu detalhes do crime. Élcio também está preso por participação no crime.

Na delação, Élcio confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que Ronnie Lessa fez os disparos. Suel teria ajudado a monitorar os passos de Marielle e participado, um dia após o crime, da troca de placas do veículo Cobalt, usado no assassinato, se desfeito das cápsulas e munição usada, assim como providenciado o desmanche do carro.

5 anos sem respostas

 

Em 2023, o atentado completou 5 anos. Desde fevereiro, o caso é investigado pela PF. Até hoje, ninguém tinha esclarecido quem mandou matar Marielle e qual a motivação da execução.

Apenas a primeira fase do inquérito foi concluída pela Polícia Civil e o MP: a que prendeu e levou ao banco de réus o policial militar reformado Ronnie Lessa — acusado de ter feito os disparos — e o ex-PM Élcio de Queiroz — que estaria dirigindo o Cobalt prata que perseguiu as vítimas. Ambos negam participação no crime.

Os dois estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima e serão julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento ainda não tem data marcada.

 

 

 

 

 
 
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