A sessão da 3ª Câmara Criminal do TJPE teve início às 9h30 na sede do TJPE, no bairro de Santo Antônio, na área central do Recife, e terminou por volta das 12h. Mirtes Renata, mãe de Miguel, acompanhou o julgamento junto com a avó do menino, Marta Maria, e da advogada Maria Clara D'Ávila.
"Nós pedimos o aumento da sentença, pedindo a consideração de outras circunstâncias judiciais que não foram analisadas, e também que sejam retiradas todas as menções que são feitas à Mirtes e à avó de Miguel como uma forma de culpabilizá-las pela morte", disse a advogada Maria Clara à TV Globo, antes de o julgamento começar.
Sarí Corte Real não compareceu e foi representada pelo advogado Pedro Avelino. "O pronunciamento é de que iremos recorrer. Apesar de respeitarmos, lamentamos a decisão de hoje e interporemos os recursos necessários para demonstrar a inocência de Sarí", disse o defensor da ex-primeira-dama.
Miguel Otávio caiu do Edifício Píer Maurício de Nassau após a mãe dele descer para passear com o cachorro da família Corte Real e deixar o filho aos cuidados da então patroa. Sarí permitiu que o menino entrasse no elevador e circulasse sozinho no condomínio para procurar Mirtes
Indenização e danos morais coletivos
Na decisão, o juiz do trabalho João Carlos de Andrade e Silva argumentou que a mãe e a avó da criança devem ser indenizadas pela morte do menino e por terem trabalhado durante a pandemia de Covid-19.
Em sua argumentação, aceita pelos ministros do TST, o Ministério Público do Trabalho (MPT) identificou a existência de racismo estrutural, sexismo e classicismo na contratação de Mirtes e Marta.
No entanto, como se trata de uma ação civil pública, o dinheiro não vai para a mãe de Miguel, e poderá ser depositado no Fundo Estadual do Trabalho, no Fundo de Amparo ao Trabalho ou para órgãos e entidades que prestam serviços relevantes à sociedade.
Relembre o caso
- No dia 2 de junho de 2020, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, caiu do 9º andar do Condomínio Pier Maurício de Nassau, um dos imóveis de luxo do conjunto conhecido como "Torres Gêmeas", no Cais de Santa Rita, no Recife;
- A mãe dele tinha descido ao térreo do prédio para passear com a cadela da então patroa, Sarí Corte Real, que estava responsável por cuidar do menino. A manicure de Sarí também estava no apartamento;
- Sari foi presa em flagrante à época da morte do menino e autuada por homicídio culposo, mas pagou fiança de R$ 20 mil e foi liberada;
- Em maio de 2022, quase dois anos após a tragédia, a ex-patroa de Mirtes foi condenada a 8 anos e seis meses de prisão por abandono de incapaz com resultado morte, mas responde ao processo em liberdade;
- No mesmo ano, Mirtes entrou com recurso ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) pedindo para que a pena fosse aumentada.
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