20 de Fevereiro – 2022 Inaugurada em 20 de fevereiro de 1882, o prédio da estação ferroviária é um dos imóveis mais antigos de nossa cidade. Construída pela “The Great Western of Brazil Railway Company Limited”, a estação de Carpina era o ponto de bifurcação entre as linhas que seguiam para Limoeiro (prolongada depois até Bom Jardim) e para Nazaré da Mata (estendida posteriormente até a Paraíba).As obras de construção da estrada de ferro tiveram início em 1879. Em 24 de outubro de 1881, inaugurou-se o primeiro trecho da ferrovia, compreendido entre o Recife e Paudalho. A solenidade de abertura da linha foi bastante festiva. Em 20 de fevereiro de 1882, foi aberta ao tráfego a linha entre Chã do Carpina e Limoeiro. Já em 15 de setembro do mesmo ano, abriu-se ao tráfego público o ramal de Nazaré. Com a abertura do tráfego ferroviário em Carpina, aumentou o fluxo de pessoas no local, o que contribuiu para o surgimento de novas residências, hotéis e casas de comércio. Com o passar dos anos, o povoado foi crescendo e se desenvolvendo em torno da estação. Todo esse processo de crescimento e urbanização da localidade foi responsável por criar um espaço propício para as interações sociais, e com isso, não demorou para aparecerem igrejas, instituições culturais e literárias, espaços de lazer, agremiações culturais, órgãos de imprensa e festividades. A fama do bom clima de Carpina (indicado pelos médicos àquelas pessoas que sofriam com doenças respiratórias e/ou que precisavam de convalescência), além da proximidade do povoado com a capital do estado e a vantagem de transporte através do trem proporcionaram a vinda de muitas pessoas para cá. A via férrea também foi responsável por trazer alguns melhoramentos. Em abril de 1881, foi inaugurada a linha telegráfica entre Limoeiro e Carpina; em outubro de 1882, foi instalada uma agência de correio na estação ferroviária; em 1901, a Great Western abriu um poço na bifurcação da linha, que abastecia tanto as locomotivas quanto a população do povoado. O primitivo caminho de ferro da Great Western media 82,976 km de Recife a Limoeiro (posteriormente prolongado definitivamente até Bom Jardim) e 12,2 km do ramal de Carpina a Nazaré (estendido ainda no final do século XIX até a Paraíba).No entanto, apesar das vantagens do novo meio de transporte, nos anos iniciais do funcionamento da ferrovia, é possível notar em jornais da época, a presença de várias reclamações em relação às elevadas tarifas cobradas no transporte de mercadorias. Por esse motivo, via-se sempre, de Limoeiro ao Recife pela estrada de rodagem, grandes comboios de produtos da grande lavoura a serem transportados em costas de animais, enquanto ao lado deles, corriam vazios os trens da estrada de ferro.Na década de 1920, a Great Western começou a passar por diversas complicações financeiras. A situação se agravou com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), principalmente devido ao aumento do preço dos combustíveis, à necessidade de fabricação de peças nas suas próprias oficinas e por causa das dívidas contraídas pelo Governo Inglês durante o conflito.A Great Western teve seu fim no dia 05 de julho de 1950, quando o Governo Federal encampou seus contratos através do decreto nº 1.154 daquele dia. Em novembro do mesmo ano, a Companhia foi liquidada, sendo sucedida pela estatal Rede Ferroviária do Nordeste – RFN.Em 1957, a RFN foi incorporada à Rede Ferroviária Nacional S.A. – RFFSA, resultado da fusão de 18 ferrovias federais. A malha da Rede Ferroviária do Nordeste foi desfeita em 1975, e suas ferrovias passaram a constituir a Superintendência Regional nº 1 (que compreende os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte), com sede no Recife.Em 1992, a RFFSA foi colocada no Programa Nacional de Desestatização e a malha da SR-1 foi transferida para a Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN, que mudou de razão social em 2008 para Transnordestina Logística S/A – TLSA. Com relação à estação de Carpina, esta guarda muitas histórias. Muitas foram as pessoas que tiraram o seu sustento a partir da venda de seus produtos aos passageiros que, diariamente, aguardavam o trem na plataforma de embarque. Dentre os inúmeros fatos envolvendo esta estação ferroviária e que marcaram nossa história, podemos citar a passagem de Joaquim Nabuco, em 1885; a visita do presidente eleito Affonso Penna, em 1906; a criação do trem feireiro, que trazia pessoas da capital para a feira de Carpina; a passagem do Trem do Forró por nossa cidade na década de 1990; o trem que trazia pessoas do Recife e de outras localidades para a nossa Festa de Reis; além do trem Expresso Asa Branca, que durante a década de 1970 realizou o trajeto Recife-Fortaleza e Fortaleza-Recife, percorrendo a ligação Ceará-Pernambuco via Paraíba (sendo Carpina uma de suas paradas).Além disso, a Estação Ferroviária do Carpina era uma das mais importantes da Linha Recife a Limoeiro. Contava com um amplo pátio composto por três desvios, caixa d’água, duas plataformas para embarque de passageiros, girador de locomotivas (cujo projeto de construção foi aprovado em 1938), armazéns, além do prédio principal. De tudo isso, só restou a velha estação ferroviária, já descaracterizada, além das duas plataformas de embarque e da antiga caixa d’água. Todo o entorno encontra-se malconservado. Os armazéns foram demolidos e o girador de locomotivas encontra-se hoje enterrado.
Texto/Pesquisa: Rodrigo Sávio